segunda-feira, maio 25, 2009

Hóspede Num Mundo Estranho


No mito grego os andróginos eram duplos, fortes e velozes. Tentaram escalar o Olimpo para se fazerem deuses, mas Zeus os cortou pelo meio e devolveu-os mutilados ao rés-do-chão. Esse homem mutilado povoou a Terra e foi ele que os cientistas mutilaram de novo, reduzindo-o a apenas um quarto do homem original. Não é de admirar que esse homúnculo actual — recalcado, vaidoso e insolente como aquele pedacinho de fermento do Lobo do Mar de Jack London — esteja agora explodindo na angústia e nos delírios da sua impotência.

J. Herculano Pires



Desço da tela. Na escadaria contam-se degraus abantesmas da pseudociênia. Os sinais físicos da morte e o luto latente. Sinto a corrente nos altos estudos e os olhos dos que passaram pela vida mas não a viveram. Trago o ritual dos psicóticos. Madruguei com ele. Compreensível ao meu toque, mundo externo intratável para outros. Como que o chá das cinco a saber a café queimado. Ou será cremado? O perder o contacto com a realidade. A certeza de um Profeta a desmembrar camas no Júlio de Matos. Não o risquei do mapa. Alguém agarrou na minha mão e num arabesco predisse, contrariando Sartre: “O homem não é uma frustração”. Compreendi. A alma cárcere do mal é a que não se conhece, uma luz afundada na bruma relembrando Plotino. Foi-nos pedido, um dia, e pelos nossos familiares, para nos esquecermos de ser nós mesmos. Afundarmos o bom e o justo, o ser-se normal de Durkheim, e passarmos a ser uma guinada fantasma numa estrada febril. Para Poe trabalhos com significados óbvios deixam de ser arte. Por isso, subsistiu a dúvida dissimulada se queria voltar a valsar com os vampiros e o seu processo alucinante. Mas lá fora, também não estava muito longe, reconhecimento da área, telefone desligado para afugentar mais vampiros galanteadores donjuanescos e incubus avassaladores que se passeiam ao nosso lado como sombras. Apelei ao meu corpo-bioplásmico da mulher, luminosa e cintilante eternamente emboscado. Na outra vida, descendência de mau filme, sorvi as gerações jogadas aos bichos, na senda do enigma da Esfinge de Édipo. Leste-me o futuro, sem desvendar a hora do nosso adeus, em vida material, nas gerações espúrias. Talvez sentisses o flagelo, depois de muitos anos, do mundo em que acordei rasurando a torre de babel e os loucos dialectos. Até despertei no berço duma amiga que falava da minha vida passada para ter a certeza que eu não voltava para ela. Por sede de poder e dinheiro, qual diamante de sangue, queria essa amiga ocupar o meu antigo trono. Não sabia ela, que a consciência humana define o humano, é ela que caracteriza o homem como poder e como ser.* E a consciência dessa amiga é sanguinária, um vampirismo atroz instalou-se na sua alma gangster e mais que rode nada brilhará em si. Pode caracterizar-se em sandálias de grife e moldar o cabelo dia sim dia não que ninguém reparará. Levou-me até ela os dias de descida, alcatrão fora, da Duque D’Ávila, dos medos quando aluguei o Dragão ao S. Jorge como presságio aprendiz da arte da guerra. No peito subsistia um nicho mais forte, inexplicável para o psiquiatra. Nada que, um dia, um clínico geral não atrapalha-se com uma porção de Xanax. Tu sabias que nada me faria renunciar o mundo e recolher a alma, isso era para os aprendizes de feiticeiros. Flagelado destino para os acomodados em freio duro. Abafei-me, confessando-me na adrenalina dos escritos dos que admiro. Os seus livros, as suas páginas são como que o meu confessionário para fugir aos fazedores de monstros, ao mundo onde acordei e não saberei nunca viver. Não percebi quando me disseste, em tom de morto o cão, morta a raiva: “Hoje sou feliz pela tua tristeza”. Na realidade o que me agonizava era a minha salvação, daí o teu regozijo. Aos poucos o navio abandonava-me e isso era condição essencial. Afiançavas-me o equilíbrio. Como que me instruíste, mais tarde, e porque os caminhos são sinuosos, que há amigos, colegas, familiares directos e aparentes pessoas que agem sobre nós por indução mental e afectiva. Tentam convencer-nos a fazer o que desejam e que não podem fazer por si mesmos. E a maioria dá-lhes o sangue. Injectei a lição. Abandonei a valsa. E por isso, e por fim, sinto-me salva mas entendo-me anti-social...



Notas:
* J. Herculano Pires



BAR

Hoje sirvo:
COM ÁLCOOL
Long Island Ice Tea

Ingredientes :
1cl Vodka
1cl Gin
1cl Rum Bacardi
1cl Tequilla
1cl Tiplice Seco
2cl Sumo de Limão
Coca-Cola q.b.

Método de Preparação :
.Moer o gelo
.Encher o long drink com gelo
.Colocar a vodka, gin, bacardi, tequilla, triplice seco e o sumo de limão no copo
e depois encher conforme o seu gosto com coca-cola
.Pode decorar o copo com 1/2 rodela de limão e 1 cereja


SEM ÁLCOOL
Shake Diet de Limão

Ingredientes :
1 caixinha de gelatina diet de limão
1 iogurte natural desnatado,
100 ml de leite desnatado,
8 a 10 pedras de gelo;

Método de Preparação :
Em primeiro lugar, ferva o leite, em seguida coloque numa taça juntamente com a gelatina. Coloque em copos altos, ponha o gelo e por fim o iogurte.




MÚSICA

Sirvo ainda: do filme Habla Con Ella . Para ouvir coloque em pausa o Music Playlist abaixo.