segunda-feira, dezembro 25, 2006

O Cobrador de Natais


A maioria das pessoas acham que fomos expulsos do Jardim do Éden. Eu não tenho tanta certeza. Acho que fomos nós que expulsamos Deus de lá.
Bono Vox


Boa Festas Sr. Administrador, é noite de natal e tocam os sinos da igreja... Este ano, a uma semana da consoada, prometeu um pontapé e outsourcing. Falou-me em know-how de muitos anos, para ficar descansado, e angels songs para doces medidas e contentamento. Também há muito boa gente que põe armas em países onde hoje o jantar se serve a sangue frio e depois vai à televisão cantar o Jingle Bell. Do que é que eu havia de me lembrar! Que comparação! É como lavar os pés no Mar do Norte e de seguida ganhar uma viagem ao Pólo Sul. Cool drink! E a Leopoldina tão bonitinha no Continente tão caridoso, se não fizermos lá as nossas comprinhas e pagarmos o natal no mundo dos brinquedos, anda cá se queres, mando-nos beber uns cocktails evaporados para o mundo do faz-de-conta. Eu diria que prefiro o mundo das histórias. Das histórias verdadeiras onde as sopinhas de letras formam páginas de tablóides trapezistas num circo à moda antiga. Para a minha ceia convidei figuras fantásticas daquelas que dão arrepios na pele, mas nada de evocações a Marco Paulo num mexe e remexe de duplas criaturinhas amorosas, loiras e morenas. Diria que me fazem rir e para si vou dar-lhe os seus rocambolescos contos acompanhados da fava do bolo-rei. À entrada do cabaz de natal, espadachim tal e qual o Zorro do Banderas, vem o Gato que quer sempre lambidas as botas. Na ponta da espada as pessoas como simples recursos empresariais de colarinhos apertados e uma imperial de fornecedores de inteligência que a Cinderela embala no sapatinho de cristal. Bem, sempre tem que haver aqueles, os das ideias, mas sempre à sombra dos seus líderes que se dizem senhores da lâmpada de Aladino e dos tapetes mágicos das promessas. E assim se vão mantendo. Era suposto o direccionamento de metas, Sr. Administrador, porque quem ganha a corrida é a tartaruga que levou o tempo a fazer o trabalho que a lebre não organizou. Mas é sempre a lebre que brilha e ainda traz a cigarra a tiracolo e que levou o Verão inteiro a cantar. A Bela Adormecida há 100 anos que dorme mas é esbelta e bonita. Às vezes dou comigo a pensar na triste Inês de Castro que foi coroada já estava mais que morta...Somos Polegarezinhos diria, mal calçados e sem extravagâncias que às sete da manha já estão a adiantar trabalho e às nove da noite ainda estão a terminar a jornada de cinco ou seis calões que levam o dia à espera que o telefone toque com pozinhos da fada madrinha. O carro fica lá fora pois estacionamento é para aqueles que chegam ao meio dia com uma mão cheia de chávenas de café no bucho e os sonos muito, mas mesmo muito, em dia. E a responsabilidade de linha e a função de staff? E a cultura participativa? Na tropa os novatos também têm que ler e dar a volta à imprensa e depois ir resumi-la aos queridos veteranos, mal agradecidos, que os acordam, numa noite sem sono, com berros da bruxa má. E nós a mastigar a desmotivação e ranger entre dentes "já agora cabra cabrês, salta-me em cima e faz-me em três" e assim ainda sou mais produtivo. E lá nos esquecemos da individualidade e da realização pessoal, Sr. Administrador. Eu não posso ter uma planta à janela mas aquela que grita dias inteiros “espelho, espelho meu existe alguém com um jardim de antipatias e frustrações maiores que o meu” tem quase que colado ao vidro os papéis da Inquisição. E os pintas que vão ao estrangeiro ver a inovação no programa de facturação, programa que nunca lhe vão tocar. Pianos sem teclas, Sr. Administrador. Onde fica a formação de quem efectivamente tem as teclas mas foi-lhes tirado o resto. Uma vez ouvi falar em enriquecimento do capital humano, o Pinóquio também vem no cabaz e fala muito disso. E a Carochinha e o João Ratão que em prémios comerciais encheram o caldeirão. Igualdade acima de tudo, Sr. Administrador. Há que preparar o futuro para crescer e desenvolver. Por isso não nos devemos conformar com as conquistas já alcançadas. E buscar sinergias... Viva ao trabalho de equipa e solidário. Ah ah ah, Sr. Administrador, mas a Branca de Neve tem sete braços direitos de contratos mensais e uma cesta de maçãs de ignorância. E já agora parabéns, Sr. Administrador, excelente ideia a de criar uma empresa de trabalho temporário para dar emprego a estes e a milhões de anões, afinal são todos uns bons rapazes. Tão conveniente...E com isto tudo, porque se faz tarde, e ainda tenho que comer as filhós que o Lobo Mau deixou na cestinha do Capuchinho, vou dizer-lhe que já criei o meu próprio emprego. Vou ser cobrador... O cobrador de natais, Sr. Administrador, porque este ano, graças a si, a muitos gémeos e aos vossos encruzilhados mandamentos de gestão de pessoas, o coelhinho NÃO VAI com o pai natal e o palhaço no comboio ao circo...




BAR

Hoje sirvo Barbie Doll
Ingredientes:
- 30 ml de Malibu
- 30 ml de Groselha
- 30 ml de Sumo de Ananás
- 30 ml de Sprite

Preparação:
Num copo de Cocktail, juntar tudo sobre gelo.


E para recordar: Christmas (Baby Please Come Home) - U2

domingo, dezembro 17, 2006

Grandeza



Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar
Friedrich Nietzsche

sábado, dezembro 09, 2006

Ex Malo Bonum

Climatecrisis
























www.climatecrisis.net



Nada é bom ou mau se não for por comparação
Thomas Fuller


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Gustave Doré - Paradiso 34

Será que do mal se pode retirar o bem ?

O mal existe, mas nunca sem o bem, tal como a sombra existe, mas jamais sem luz.
Alfred de Musset


Pensem e escrevam. Tenham como suspiro e bebida as duas imagens. É um desafio...



  • Sinopse em Português An Inconvenient Truth
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