
Por que não cai a noite, de uma vez?
— Custa viver assim aos encontrões!
Já sei de cor os passos que me cercam,
o silêncio que pede pelas ruas,
e o desenho de todos os portões.
Por que não cai a noite, de uma vez?
— Irritam-me estas horas penduradas
como frutos maduros que não tombam.
(E dentro em mim, ninguém vem desfazer
o novelo das tardes enroladas.)
Maria Alberta Menéres
Neva em Budapeste. Despisto-me em patinagem artística que faço no teu coração gelado de Átila cruel e rapina. Simples, há uma guerra em Tróia, oriunda das mentes gerais, onde a Minie e o Mickey espreitam do cavalo de pau e atacam, cantando o mundo encantado e de cartão do Sardet. São histórinhas da infância que nos trazem o pão de alho, a pizza e o sumo doce à mesa romântica numa casa de música e cheia de cupidos. Em contradição cheira a traições. Nada de ursinhos e o elefante Babar a ver a banda passar. Mas, eu, como não fui Guinevere não atraiçoei a Távola Redonda e o rei que retirou a espada do coração profanado da Terra. Proclamo que a soltou em busca da perfeição humana, primeiro mandamento do Código dos Cavaleiros, de Sir Thomas Malory e meu. Procurava uma ordem sadia, isenta de extenuantes odisseias de sangue que também patinam em mapas bélicos. Sei que voou e prostou um cupido nas cartas celestes de Scarlet O'Hara interessada em Tara e não em Rett Butler. Lost Cause. Reitero a imensidão do Mediterrâneo e Ulisses irreconhecível depois da ilha de Circe e da maldita feiticeira que manufacturava porcos. No peito, como que aquele contínuo e rebentado míssil de paixão por um Fantasma da Ópera de novela gótica. Teço a colcha, teço e desmancho como Penélope rodeada dos galanteadores pretendentes de flores em punho e olhos enforcados por laços de Punjab*. Dias sedentos, praça do Dr. Sousa Martins adentro e as bruxas que não se calam e namoram com os guias de espírito. Deixam os mártires da pátria a queimar em velas de lume brando. Uma delas levou-te sem saber que em nós vibrava Henry and June. Um Youpi de Kid Loco. Um laço sobrenatural de mãe e filho. Perdeu e foi para o cemitério de Setúbal catar pregos de caixões. Grita-se o perigo do canto das sereias, que no fundo, nunca as vi, mas seriam de boa resposta aos espalhados como tu. Ao lado, o Adamastor berra iluminado por um vaga-lume idílico, enquanto eu dissipo o chão envolta em relatórios de contas que passeiam na pasta da justiça, dos riscos e da cigarrilha aromatizada. Perdida a minha cabeça, bebo em taças século III do decapitado S. Valentim contra a ordem imperial. Descobri no dicionário que cupido também quer dizer homem ridículo com pretensões a bonito. Fiquei confusa… Já vi, continuamos a brincar, e de bumerangue em punho, como as tuas idas e voltas, em acto societário assinado no Registo, quase que um casamento. Buda e Peste que o Danúbio separa a tremer de frio. A nós separa-nos o racismo entre brancos, a sopa de pedra só de água e calhau e aquela politica que hoje recuso-me a falar pois é dia do amor. Onde será que você está agora**. Desço o manipulo da slot onde se aglomeram pedaços de alma e anjinhos agora em saldo. Jackpot. E encaro o real... Há a Ponte das Correntes, a Ponte Elisabeth, a Ponte da Liberdade e a Ponte Margit que uniram Buda e Peste. Mas, a nós, nada nos une, só histórinhas que nos tramam o cinema só e à tua espera, o dizer que vens, mas tudo o vento levou. Dizeres que o teu coração bate por mim, mas lá dentro, tal cavalo de Tróia, só saltam guerreiros danados prontos a arruinar. Andas espalhado para ai, como bem dizes. E, como és do contra, puseste o Popeye dos espinafres com a Margarida, a Olívia Palito com o Donald, o Romeu com a Isolda, a Julieta com o Tristão e hoje anda tudo desencontrado no dia dos namorados… Olha! Sabes uma coisa ? Assim vai o mundo… O mundo que dizem romântico…
*espécie de cordão feito de tripas de gato, que o Fantasma da Ópera usava para matar.
** trecho da música Metade de Adriana Calcanhoto
(ouvir aqui).
BAR
Hoje sirvo Poção do Amor
Ingredientes :
Vodka
Bacardi
Gin
Franjelico
Grand Maurnier
1 colher cheia de mel
1 copo de rum branco
Martini Rosso
Vodka negra
Champanhe meio-seco
Campari e
Sumo de Laranja(ou limão)ou...qualquer outra fruta de sua preferência.
Método de Preparação :
Coloque uma dose de cada uma das bebidas num shaker misturando tudo de uma só vez. Acompanhe com gelo.
Sirvo ainda: Chico Buarque, Tom Jobim e Telma Costa - Eu Te Amo. Para ouvir coloque em pausa o Music Playlist abaixo.